segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os fingidores

Algures em Ponta Delgada, Dezembro 2008 | KB
Aquelas cabeças erguidas que gastam energias a rebaixar os outros para proteger as aparências fazem-me lembrar um galinheiro gigante.

Leva-se bicadas, eriça-se as penas, cospe-se inveja, ciúmes, rancores e maldades em vez de conversa.

Fala-se muito mas não se diz nada num cacarejo constante.

Não se põe ovo, pois não, mas finge-se muito que se sabe pôr ovo e até mesmo fazer omeleta.

Dentro de portas, treme-se de medo diante do espelho porque não se pode fugir de si próprio.

Arranja-se disfarces e truques para esconder as suas limitações e sobrevive-se assim, de cabeça erguida.

Até as emoções chegarem ao galinheiro como raposas gulosas em busca de vida.

Entra-se em pânico e foge-se aos soluços.

De cabeça erguida.

1 opiniões:

Anónimo disse...

A identidade encontra-se em sociedade. inveja, ciumes, rancores, ou o inverso: auto-satisfação, orgulho, felicidades, só depende do ponto de vista. Galinheiro é melhor que solidão.

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